Muito se fala que o iPhone revolucionou a distribuição de software. Mas quer saber: quem mudou mesmo foi o Debian.
A muito, muito tempo atrás (parece estória infantil :)), por volta 2001, comecei a usar sistemas
GNU/Linux, depois de tanto ouvi falar nos corredores da faculdade. Aquela sequência
mount /dev/fd0 /mnt
, programação PASCAL, umount /mnt
me fascinava. Caramba! Por que o
Windows teimava em ficar escrevendo no disco toda hora?
Aí embarquei. Passei por CorelLinux, Mandrake, TechLinux, Redhat, Slackware (muitos diziam que esta distribuição possuia baixíssimo nível), Conectiva, …
A maioria desses foram comprados em revistas. Lembro, pois o video gráfico teimava em não funcionar, que o CorelLinux foi o primeiro a ser instalado, o TechLinux foi o primeiro no qual o WinModem 56k funcionou (depois de baixar muitos drivers e comprar muitos modems), e o Conectiva foi o último usado devido a influências de flbeto (Florisberto) no laboratório.
Então conheci o Debian 2.2, no início de 2002. Puxa vida! (Pausa pra respirar fundo). Que apt-get sensacional!?
Até então, o passo-a-passo era:
- instalar o SO
- baixar última versão, ÍMPAR, do kernel e compilar
- instalar softwares
- baixar o
tar.gz
- Laço: Enquanto
./configure
falhar,- procurar a dependência na versão correta
- executar recursivamente o passo 3 para instalar a dependência
make
make install
- baixar o
E passou a ser:
- instalar o Debian
- compilar o kernel usando
make-kpkg
apt-get install
Alguns vão dizer: Oxente! Mas o Redhat e o Conectiva tem RPM.
Concordo! Todavia a diversidade de pacotes era (e ainda é) pequena, algumas vezes antigos, e não
resolvia as próprias dependências. Ou seja, na linha de comando rpm -ivh
tinha que está
listado o pacote e todas as dependências não instaladas.
Pois então. O Debian trouxe o APT, um modelo de distribuição de pacotes que automatiza sua obtenção, instalação e configuração.
Um caso especial é a obtenção através da internet. O próprio instalador reconhece a arquitetura, faz download do pacote e suas dependências e os instala num estalo. O sistema passou a fazer o cálculo de compatibilidade e dependência por mim. E o mais interessante: funciona! Além do mais, os pacotes são quebrados em partes pequenas e coesas de forma que apenas o necessário é instalado.
É uma Apple Store ou Google Play na linha de comando. Desde então, o Debian tornou-se meu Desktop.
Outros atrativos do Debian são sua filosofia de ser um sistema operacional feito de forma cuidadosa e composto inteiramente por softwares livres e seu alto padrão de organização e qualidade registrado através de políticas e procedimentos, além de sua característica de fazer apenas o que você pediu pra fazer.
‒ Pra mim, no Debian é tudo muito padronizado e claro. Se eu procuro um arquivo de configuração, eu sei de antemão onde exatamente ele está devido a sua padronização sobre o FHS (Filesystem Hierarchy Standard).
Ainda tem pessoas que dizem que Debian é um sistema operacional de baixo nível. Vá entender.